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O Senador Demóstenes e o Doutor Torres

quarta-feira, 04 de Abril de 2012 | 16:29

Não é fácil fazer considerações sobre o comportamento do ex-democrata Demóstenes Torres que, diferente dos surfistas do mar de patifaria que cobre o país, tinha trajetória irrepreensível, sem deslize conhecido como delegado de polícia, promotor de justiça e secretário de Segurança Pública de Goiás, além de ser um dos mais respeitados senadores da República.

Demóstenes, que não se parecia com Arruda, cleptocrata patológico, ou Paulo Octávio, empresário conhecido por privatizar lucros, socializar prejuízos e rotineiras incursões aos cofres públicos, hoje tem mais em comum com eles que apenas o fato de haverem sido defenestrados pelo DEMOCRATAS.

A bem da verdade, o que se questiona é a moralidade das relações do senador com contumaz corruptor. Tráfico de influência sim, mas não malversação ou desvio de dinheiro público, diferente dos esquemas capitaneados por outras figuras ilustres, desagravadas por seus partidos e que transitam com desenvoltura fora das páginas policiais.

O envolvimento societário de Demóstenes com contraventor é como encontrar um imaculado frei franciscano numa casa de tolerância. Sem que o bom frade possa alegar em sua defesa que estava lá para salvar almas do pecado. Ou seja, não tem explicação. Ou talvez tenha, mas no campo da psiquiatria.

O problema do Senador Demóstenes, ao que parece, é o Doutor Torres, numa versão tupiniquim da célebre história de horror “Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson, onde o ético e abnegado Dr. Jekyll é dominado pelo seu infernal alter-ego, Mr. Hyde.

Como no personagem stevensoniano, debatem-se no senador personalidades distintas, com níveis inteiramente opostos de moralidade. De um lado, o Senador Demóstenes, de outro o Doutor Torres.

Enquanto Demóstenes era o maior crítico dos desvios éticos do governo petista, o Doutor Torres, servindo de despachante de luxo da contravenção, planejava integrar este mesmo governo, migrando para sua base.

Demóstenes, desfiliado do DEMOCRATAS, é um fantasma político. Já o Doutor Torres, a seguir conhecidos exemplos, logo vai percorrer o país dando palestras, lançando livros e prestando consultorias, regiamente remunerado.

Das lições do episódio, a principal é o cuidado com figuras acima de qualquer suspeita. Nos insondáveis meandros da alma humana, sendo o homem movido pelas circunstâncias, tentações estão por todo o caminho. Daí a responsabilidade da sociedade em vigiar, sempre, suas figuras públicas. Rezar também ajuda, para que Hyde não venha à tona, dominado Jekyll e assombrando a todos nós.

*Advogado – Assessor jurídico do DEMOCRATAS.


Escrito por Adão Paiani

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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