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Acabo de receber honroso convite vindo do Centro Educacional ASSPE, que abriga aqui no sul do País o Polo da UNOPAR – Universidade Norte do Paraná, para paraninfar 28 formandos de vários cursos superiores. A solenidade será no próximo dia 22 de março no Ipiranga Atlético Clube. Como sempre, a par da emoção pela distinção e responsabilidade da escolha, aproveito o ensejo para provocar uma reflexão aos meus afilhados e leitores.
As oportunidades da vida, para os que têm compromisso com a cidadania e os destinos do nosso País, são sempre únicas. Portanto, considerando as excelentes avaliações das entidades citadas, sinto-me à cavalheiro para reafirmar que a proliferação de cursos superiores no País tem se prestado a duas situações ambíguas: a oportunidade de um novo patamar profissional e a decepção pela seletividade do mercado.
Óbvio que sempre é uma vitória pessoal a obtenção de uma graduação superior, porém esse fato, isolado, não significa obrigatoriamente a abertura de portas no mercado de trabalho, tendo em vista que este é cada vez mais exigente e as dificuldades do formando já começam na hora do estágio ou contratação como treinee, quando o peso da sua instituição de ensino e as suas avaliações do MEC, através do Índice Geral dos Cursos – IGC, contam muito.
O acadêmico deve entender e trabalhar preventivamente com essas nuances, sabendo identificar o conceito da sua faculdade perante os indicativos acima expostos, não relaxando, no caso das bem avaliadas, nem desanimando, no caso contrário. Deve levar em contas sempre que a cultura e experiências adquiridas e acumuladas ao longo da vida são fatores decisivos para o sucesso pessoal e profissional.
A experiência nos dois lados, antes como concorrente à oportunidade, hoje como empresário selecionador, me autoriza a propor algumas providências que desequilibram, favoravelmente, independentes da origem do diploma, para que o formando tenha chances reais, tanto na área privada, como no setor público, este através de concursos.
Cursos de extensão relacionados à formação pretendida, idiomas, intercâmbio no exterior e se mostrar atualizado, acompanhando o que acontece no mundo, além de desenvolver capacidade para relações interpessoais, farão a diferença.
Em quaisquer das situações expostas, um diploma deveria representar a habilitação para o exercício pleno de uma profissão, a realidade não é essa, muitas vezes a busca irresponsável por uma graduação a qualquer preço representa, logo ali, frustrações e desencantos.
Diploma pelo diploma, não é o caminho, busque orientação, aconselhamento e direcione responsavelmente o seu futuro. Aos meus afilhados da UNOPAR/ASSPE desejo toda a sorte de felicidades, que todas as dificuldades enfrentadas para a obtenção desse galardão sejam compensadas com uma carreira profissional plena de sucessos e realizações. Por aqui, terão sempre um conselheiro, um amigo, um torcedor, sempre disponível, sempre vigilante.
Nós latinos somos uns apaixonados e evidenciamos isso em todas as nossas atitudes comportamentais.
Exageramos nas manifestações, criamos e destruímos ídolos com igual facilidade.
O falecido ex-vice-presidente da República, José Alencar, exemplifica bem esse paradoxo ao ver-se, novamente nas manchetes da imprensa nacional em função de um assunto pessoal, íntimo.
José Alencar, que aproveitou os índices de popularidade do então presidente Lula para surfar nas ondas do reconhecimento nacional, onde suas opiniões eram sempre muito bem consideradas, tanto pelo equilíbrio como pela legitimidade, visto que se tratava de ser um megaempresário, dono da multinacional brasileira Coteminas.
Além dessas condições políticas e econômicas, a saúde do então vice-presidente complementava esse status de personalidade em evidência no País, fruto da transparência com que tratou sua luta contra o câncer, o que lhe valeu um sentimento de solidariedade nacional.
Pois bem, até então havíamos conhecido um José Alencar vitorioso em todas as suas ações e que se preparava para a retirada do cenário político em função do término do seu mandato, da idade e da doença.
À época, fomos surpreendidos, no apagar das luzes, com uma entrevista ao Programa do Jô, onde Jose Alencar, ao ser questionado sobre processo de investigação de paternidade, que respondeu e foi condenado na Justiça mineira, mostrou para o mundo um novo José, preconceituoso, arrogante, cruel, machista e irresponsável.
Dizendo-se vítima de uma chantagem econômica, José Alencar atacou de forma rasteira a pretensa filha natural, Professora Rosemary de Moraes Gomes da Silva, sobrenome determinado por sentença judicial, e a sua mãe, a Enfermeira Francisca de Moraes, a Tita, com quem Alencar manteve um relacionamento amoroso entre 1953 e 1955, em Carartinga - MG.
Para desqualificar a enfermeira, na tal entrevista José Alencar disse tratar-se de mulher pobre, condição que a impediria de frequentar os mesmos locais e arrematou chamando-a simplesmente de prostituta. Ora, até as árvores de Caratinga sabiam que Alencar manteve esse affair com a belíssima jovem Tita, inclusive, que às quartas-feiras dormia na casa da moça.
Na realidade, independente das consequências práticas daquele rumoroso processo, para resgatar um pouco da sua imagem e não rasgar por completo sua já arranhada biografia, Alencar deveria, voluntariamente, submeter-se a um exame de DNA, é o mínimo que se exige de um homem; não o fez, morreu em 29 de março de 2011, insistindo na absurda e burra estratégia do avestruz, enterrar a cabeça no chão deixando o corpo todo de fora.
Pois bem, passados três anos da morte de José Alencar, a 4ª. Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve por unanimidade a decisão da primeira instância, onde foi considerada a negativa de submeter-se ao exame de DNA como indução de paternidade relativa. Óbvio que a milionária família de Alencar já recorreu ao STJ, alegando não existir no processo qualquer prova que indique a relação de José e a mãe da professora. Continua a saga da Professora Rosemary na busca de uma identidade que lhe foi toda a vida sonegada e de seus legítimos direitos. Tendo pela frente os bilionários herdeiros da Coteminas e a parcimoniosa ação do judiciário em casos similares, temo que em vida não alcance a justiça que lhe é devida. É a luta de Davi contra o Golias. Veremos.
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Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.