Logo Alfaro
Fale com o Alfaro
Promovendo cidadania com informação
banner Alfarobanner Alfarobanner Alfaro

Rosa

segunda-feira, 18 de Março de 2013 | 17:13

Quando me deslocava pela Avenida Silva Paes em Rio Grande, uma pessoa me parou e sem vacilar, parou na minha frente: disse-me.

-Tu és o Gostaires, não pode ser outra pessoa!

Sim, respondi e, argumentei não me lembrar da pessoa que se referia a mim.

Era Rosa. Rosa de Santa vitória. Rosa que deixei para traz. Trinta e três anos se passaram e com um grande esforço foi esquecida junto a muitas outras coisas e pessoas. Quando eu abdiquei da Terrinha.

No dia em que sai da cidade com as malas, Paulo e Rosa embarcaram comigo no mesmo ônibus, rumamos em direção a Rio Grande. Rodamos uns dez kilometros, meus amigos se despediram e desceram no caminho. Rosa especificamente desembarcou no meio do meu caminho. Um último abraço e um adeus, ninguém sabia ser pra sempre, naquele momento um breve pranto ludibriando a angustia da despedida. Eu estava decidido a construir um novo começo sozinho!

Já era hora e, o ônibus não os espera (Paulo e Rosa), desceram. Eu carregava a incerteza, como todo o desbravador, estava definitivamente voltado para o novo mundo.

Estava disposto a olhar para frente, não tive tempo de meditar, muito pior envolver-me com amores e coisas antigas.

Nesse encontro na Silva Paes, para minha surpresa, Rosa me fez lembrar o passado: das vezes que ia ao ginásio à noite me esperar, de ter me aguardado nas esquinas quando ia trabalhar do quadro da minha bicicleta, das coca - colas de garrafinha no bar do Fragata, das reuniões da turma na costa da Lagoa Mirim.

Quando aqui cheguei, no ano oitenta, trouxe muitas lembranças e saudades, tantas que para combater minha tristeza tive de dar um fim. Esquecendo tudo, para não volta como era de propósito.

Mas não. Não Rosa, não esqueceu e me confessou do desejo que tinha em me dizer. Naquele dia no ônibus tinha vontade de fugir comigo. Faltou-lhe coragem e o tempo que eu tive de preparativos.

Menina franzina de olhos morenos pequenos, em teus cabelos me escondia enquanto espinhavas meu coração, não baixei meus olhos para ti. Agora eu te procuro e sei: “eu te perdi”.


Escrito por Gostaires Gonzales

Comentários (0) | Indicar um amigo


^ topo

QUEM SOU

Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

ENTREVISTAS

O QUE EU LEIO

ÚLTIMAS 10 POSTAGENS


Ouça a Rádio Cultura Riograndina

ARQUIVOS

WD House

Blog do @lfaro - Todos os direitos reservados