Num lugar próximo a reserva ecológica do Taim, onde no passado estive muitas vezes enquanto guri no período das férias escolares. Da tosquia das ovelhas em dezembro, em janeiro, o movimento com o gado. Capina de milho e outros serviços de safra.
Para as elevações das paredes do galpão, paiol e plantio de matos de eucaliptos, meus colegas e primos usufruíam do poder de ser adolescente.
Numa fazendinha bem próxima da Lagoa Mirim, a caça e a pesca eram abundantes e tudo podia. O tempo me premiou com uma série de surpresas; algumas boas, outras com algum grau de perigo. Assim fui descobrindo meu mundinho, o maior, na minha concepção. Daquele tempo que eu lembro com carinho, vou contar:
Ao voltar anos depois, das coisas que eu fizera, das coisas que eu pensei estarem no mesmo lugar, do mesmo jeito.
Enganei-me.
Não. Não, nada estão iguais. Os matos foram cortados, as casas e galpões foram desmanchados, o tempo a meu ver foi modificado.
Os meninos do meu tempo, os novos proprietários modificaram tudo, a ponto de pensar que eu não estava em juízo perfeito. Tudo é menor, mais próximo, mais alto ora mais bonito, incluindo a Lagoa Mirim, com as águas escuras e afastadas da margem.
Ninguém dali me reconheceu.
Há trinta e tantos anos antes, lembro também: eu era jovem e tudo podia.
Hoje sou um senhor para a maioria das pessoas que convivo. O tempo me dominou. Sei que todas as pessoas que tiveram uma vida longa passaram pelo meu dilema.
Vivo recapitulo cada capitulo, revisando meu passado e apontando os dias mais lindos, os mais marcantes e os trágicos, como se amanhã não haverá outro.
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Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.